Arnaldo Caeiro refere também que as dificuldades atuais são: “por um lado a passagem de emissões da Fase 4 para a Fase 5, dado que em virtude da questão da pandemia os fabricantes optaram por atrasar ligeiramente o lançamento de novos modelos, e por outro lado, um problema que é transversal a todas as atividades económicas, ou pelo menos às atividades industriais, que é o problema da rutura das cadeias logísticas. Há falta de componentes no mercado, há máquinas que ficam num estado de prontidão, eu diria quase total em fábrica, mas a aguardar alguns componentes. Isso tem estado de facto a afetar o negócio, porque caso contrário o mercado ainda poderia estar acima. Portanto temos um 2021 com uma perspetiva muito positiva e igualmente uma perspetiva também positiva para 2022.”
Relativamente à rede de concessionários o grupo não tem tido grandes alterações. “Temos uma rede consolidada, temos uma cobertura total do país onde consideramos o universo das 3 marcas. Neste momento a nossa rede estabilizou e basicamente as ações que temos estado a implementar, eu diria, no último ano e meio, são melhorias pontuais nalguns aspetos na rede de concessionários, sobretudo ao nível do serviço. Preocupa-nos o nível de serviço, tem havido um investimento forte da marca em novos sistemas, sobretudo nos novos sistemas de diagnóstico, uma vez que os novos modelos, pelo aumento da componente eletrónica, obrigam a um diagnóstico diferenciado. Tem havido um investimento, quer na implementação dos novos sistemas, quer na formação dos concessionários.” refere Arnaldo Caeiro, explicando também a posição da empresa quanto à presença em feiras: “Não participámos na Feira Nacional de Agricultura, porque a decisão teve que ser tomada no primeiro trimestre, quando as condições da pandemia de covid não indicavam que em maio estivéssemos na situação em que estávamos, bastante melhor do que em janeiro ou fevereiro. Tivemos que decidir e optámos por não participar. No entanto, deixámos sempre em aberto a possibilidade de participar na Agroglobal. Estamos aqui presentes, e o resultado está a ser muito positivo. Vemos da parte dos clientes, concessionários e fornecedores, uma necessidade de voltar novamente àquilo que era a nossa vida normal e às nossas necessidades de promoção. Para 2022 não havendo nada em contrário vamos manter a nossa participação nas atividades que normalmente temos, nomeadamente na Feira Nacional de Agricultura e no apoio aos concessionários nas atividades que têm a nível local.”
Quanto à comunicação, o grupo tem também revelado uma transição notável para o digital, não só na disponibilização de websites com excelente apresentação, como também nas ferramentas digitais internas de apoio à rede de concessionários e para utilização pelos profissionais do grupo. Arnaldo Caeiro refere que o crescimento do grupo Same Deutz-Fahr, que remonta a 1927, tem sido consistente, e esse crescimento tem sido feito por etapas e com estratégias diferentes. “Na fase em que estamos atualmente, 2021 a 2025 a estratégia do grupo é crescer por via do digital. Isto significa praticamente que, e considerando a informação que hoje há e a procura dessa informação por parte dos clientes, apostamos nos canais digitais. Temos apps em duas das nossas marcas destinadas a clientes finais. Toda a nossa estratégia de promoção e publicidade passou para o digital porque de facto achamos que é esse o caminho do futuro. Os suportes convencionais, nomeadamente o suporte de papel, continua a ter importância, mas terá em termos relativos cada vez menos importância no futuro. Até porque quando recorremos ao digital temos sempre a capacidade de medir as visualizações. E há uma interação: quem entra numa página de internet de uma das marcas têm ferramentas onde pode interagir com o fabricante. No papel isso não é possível. Portanto há uma aposta clara e que é para manter.”
Falando da digitalização das máquinas propriamente ditas há uma transição neste momento, “passámos daquilo que é uma agricultura de precisão com guiamento via satélite para a digitalização onde os novos modelos que estão a ser lançados, os que foram lançados já este ano e os que serão lançados em 2022, nos tratores da gama média alta, estão equipados com módulos que permitem ao cliente interagir com a própria máquina por via remota, através da Gestão de Frotas (SDF Fleet Management) com disponibilidade de informação sobre as horas de operação, consumos de combustível, localização geográfica e necessidades de manutenção. A Gestão de Frotas permite que o cliente tenha uma perspetiva muito mais apurada daquilo que é o custo real da operação do trator versus um trator convencional.
Posteriormente, José Luís Mendes, responsável de Marketing e Produto, apresentou-nos as novidades em termos de produto presentes na Agroglobal, "o novo Same Argon Fase 5 é um trator que representa uma grande fatia das vendas do nosso país. Como novidade traz um novo sistema de tratamento de gases de escape que lhe permite cumprir com a normativa Fase 5, neste caso um filtro de partículas e sistema SCR e adição de ADBlue."
No campo, em demonstração, esteve também presente o novo Série 5 da Deutz-Fahr, a evolução da Série 5G, que perdeu a letra G passou a assumir-se como Série 5 e neste caso é o modelo mais potente 5125, já também com a normativa Fase 5. José Luís Mendes, refere também: “É um trator que tem uma alteração estética bastante evidente e que assume também várias melhorias nos comandos e no posto de condução. A grande novidade é que já tem acesso ao sistema de gestão de frotas SDF Fleet Management, ou seja, é um trator com internet onboard.”
O Série 8, foi novidade em 2020, mas devido à crise pandémica não tinha sido ainda apresentado em Portugal. Foi aqui apresentado pela primeira vez ao país, sendo o maior trator da marca presente em campo. “Este modelo é aquele que preenche a gama entre o Série 7 e o Série 9, ou seja, entre os 250 e os 300 cv. É um trator de 289 cv com uma caixa completamente nova SDF. Foi realizada uma transição de transmissões de variação contínua de ZF para transmissões SDF nos tratores de maior potência. Estas transmissões, resultado de uma parceria, naturalmente, são fabricadas e timbradas pelo grupo.” afirma José Luís Mendes. A grande novidade neste trator está relacionada com a agricultura digital, Smart Farming Solutions. Vem já equipado com o SDF Fleet Management, ou seja, com acesso à internet onboard, com uma nova antena que já não necessita de um cartão de dados, pois já recolhe dados móveis diretamente do módulo de internet instalado em fábrica: o CTM. “É um trator com transmissão de variação contínua que permite maior economia permitindo fazer 50 km por hora no regime económico em deslocações. Um dos aspetos mais importantes desta máquina é que consegue garantir 16 t de peso bruto a 60 km por hora. É uma mais-valia principalmente nos países onde é permitida a circulação a esta velocidade. É esta a estratégia aplicada nesta máquina.” destaca o responsável de Marketing e Produto.
Na área dos tratores especializados, José Luís Mendes refere que “não é inédito nesta feira, mas este ano foi a primeira vez que apresentámos ao público e em parceria com um fabricante nacional, um trator de variação contínua especializado acoplado a um pulverizador com sistema ISOBUS; um sistema completamente automático do ponto de vista de pulverização, ou seja, utilizando mapas de prescrição, o produto prescrito é aplicado apenas e só dentro da parcela que está estabelecida, independentemente da deslocação da máquina. Se a máquina parar o sistema pára automaticamente de pulverizar; se a máquina reduz a velocidade há uma compensação no caudalímetro para garantir a prescrição do técnico agrário. É um acordo de colaboração com a Tomix, mas naturalmente estamos abertos a todas as marcas nacionais e já iniciámos inclusivamente durante esta feira mais pré-acordos com outras marcas que estão naturalmente interessadas em colaborar connosco neste sentido.”
“Todos os tratores de variação contínua do nosso grupo vêm equipados de série para o nosso país com pré-instalação de condução e sistema de GPS, ISOBus e Power beyond, ou seja, são os predicados essenciais para que a máquina possa cumprir com as tarefas do smart farming, para além de que também estão equipados com o módulo CTM, ou seja, internet onboard a partir de fábrica. Isto permite que as máquinas tenham permanentemente sinal de dados móveis sem que o cliente tenha que estar ligado a um fornecedor específico. O cliente irá pagar esse serviço a um concessionário SDF, que lhe irá fornecer o serviço através de uma licença e com um código. O serviço garante internet sempre disponível tanto para o SDF Fleet Management quanto para fornecer dados a um sistema RTK, um sistema de condução autónoma.”
José Luís Mendes refere ainda mais uma novidade: “Este ano ainda, muito em breve, vamos ter o primeiro trator especializado com a condução autónoma através do sistema ultrassónico. É um sistema inovador que testámos durante 2 anos em forma de protótipo e que este ano arrancamos já com uma pré-série para a qual foram eleitos pela nossa marca 5 países, um deles foi Portugal. “O sistema será instalado no trator de um cliente que irá experimentar, já não como protótipo, mas como pré-série, que necessitará apenas de alguns pequenos ajustes. “Até ao final do ano teremos um trator a conduzir autonomamente num pomar ou numa vinha.” A diferença deste tipo de condução relativamente a um sistema RTK, é que neste novo sistema o trator adapta-se na perfeição a cada linha de vinha ou de pomar. “Sabemos que as linhas de vinha e de pomar nem todas são direitas e nem todas têm as mesmas curvas, ou seja, não faz sentido conduzir através de uma linha completamente direita que é aquilo que estabelece um sistema de guiamento por satélite. Neste caso vamos poder escolher 2 sistemas de condução, à direita ou à esquerda ou ao centro da fila e o trator irá fazer a leitura do terreno e conduzir-se automaticamente”.
Até ao final do ano estão prometidas mais novidades, uma vez que este é o ano da grande transição e em que o maior número de tratores será afetado por esta transferência da Fase 3B ou Fase 4 final para a Fase 5. “Falamos das gamas média e média alta que é a maior quantidade de modelos utilizados. O ano passado já fizemos a transição dos muito pequenos para a Fase 5 e nos muito grandes também já tinha ocorrido essa transição. Resta-nos toda a gama intermédia que é a grande maioria de modelos. Até ao final do ano, e dependendo destas restrições que estamos a viver, resultado também da crise que vivemos durante quase 2 anos, que é a falta de materiais e de componentes, que tem atrasado também estes programas e estes projetos de lançamento dos novos modelos. No entanto acredito que no início do próximo ano teremos no mínimo a presença já física desses tratores em Portugal, pelo menos mais 4 modelos. Será a transição da Série 6, a transição também da Série 5, que será a nova série 6 C. São modelos bastante importantes para nós e para o nosso futuro.”
Em resumo, a SDF está cada vez mais apostada numa abordagem marcadamente tecnológica em que a conectividade e o fluxo de dados está no centro das operações, sempre com um objetivo em mente: facilitar a vida do agricultor e garantir o máximo rendimento.