NOTICÍA

O campo em 2030, as 5 grandes tendências segundo a John Deere

18 Fev 2022

Mais digital, mais sustentável e mais resistente às mudanças climáticas, assim será o campo em 2030, segundo a John Deere. A empresa de maquinaria apresenta as 5 grandes tendências que marcarão o futuro do sector agroalimentar.

A John Deere apresentou as principais tendências que marcarão a atividade agrícola nos próximos anos e que indicam como será o campo em 2030. A atividade agrícola invade cada vez mais o debate social, económico e político. O sector enfrenta importantes desafios que condicionam os nossos hábitos alimentares, a nossa relação com a envolvente e com o meio ambiente.

Num contexto de oportunidade, com uma procura de alimentos estimada em mais cinquenta por cento, encontramos também desafios importantes, entre os quais se destaca a pressão dos custos de produção que não param de aumentar. Soma-se a isso a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, a exposição a condições extremas decorrentes das alterações climáticas ou a necessidade de assumir regulamentações ambientais, sanitárias e de bem-estar animal.

A situação conduz necessariamente a uma reconversão, impulsionada pela tecnologia como alavanca de mudança. Nos próximos anos, vivenciaremos uma transformação radical da produção, ainda maior do que a mudança da tração animal para o trator. Os fundos europeus de transformação são vistos com esperança para assumir essas mudanças com garantias.

Com a intenção de projetar luz sobre esse futuro, a John Deere resume o que espera acontecer nos próximos 8 anos, a partir da sua visão como empresa de tecnologia e com a sua experiência como impulsionadores históricos da transformação do sector através da inovação tecnológica. Estas são as 5 tendências que a John Deere identifica para o campo até 2030.

Dados conectados, melhores decisões
A agricultura de precisão e a indústria 4.0 vão crescer e padronizar-se nos processos produtivos do sector. A tecnologia permitirá que tudo seja medido através de sensores interligados, que emitirão informações em tempo real e de qualquer lugar.

Isto permitirá otimizar constantemente os processos, economizar em matéria-prima, melhorar a rentabilidade da produção ou reduzir o impacto ambiental. Por exemplo, a possibilidade de dar a cada planta um tratamento específico ou usar produtos fitossanitários na medida certa, permitirá o desenvolvimento de novos produtos, mais ecológicos, de maior qualidade e mais sustentáveis.

Na pecuária, a monitorização do gado traduz-se em enormes possibilidades de adaptação da alimentação de acordo com as suas características ou o seu estado de saúde. Esses avanços serão necessários para racionalizar o uso de antibióticos, postulado como um dos desafios mais imediatos diante do perigoso avanço das bactérias resistentes.

Inteligência artificial e máquinas autónomas
Em poucos anos, de acordo com a John Deere, teremos máquinas a trabalhar no campo sem operador na cabine. As crianças verão os tratores autónomos com a mesma naturalidade com que hoje vemos os tratores com operador. Os livros de história registarão este marco ao nível da máquina a vapor ou os motores de combustão interna.

As máquinas tomarão decisões com algoritmos de aprendizagem para melhorar o seu desempenho, evitar obstáculos, parar se identificarem algum risco de acidente ou notificar imediatamente o proprietário, que poderá dar ordens remotamente e através de um dispositivo móvel. Vai muito além da autonomia de condução. Os equipamentos de trabalho combinados tomarão decisões agronómicas autónomas em tempo real.

Na verdade, a tecnologia autónoma já existe. No início deste ano, pudemos ver o primeiro trator autónomo na CES, a maior feira de tecnologia do mundo. Logo que o regulamento europeu permitir a circulação de veículos não tripulados, também começaremos a vê-los nos nossos campos. Chegará o dia em que a cabine desaparecerá do trator e máquinas menores coexistirão nas lavouras trabalhando ao mesmo tempo, movidas a energias renováveis ​​e realizando diferentes tarefas: poda, irrigação, sementeira, colheita…

Mais talento, mais diversificado e mais digital
A evolução das expetativas sociais nos países desenvolvidos significa que muitos empregos no campo deixaram de ser atraentes para as novas gerações, diz a John Deere. Muitos trabalhos hoje são temporários, pouco qualificados e modestamente pagos.

A tecnologia vai resolver um dos maiores problemas do sector: a falta de mão de obra. Este é um processo que já vivemos antes, como aconteceu com a mecanização da colheita de algodão ou cereais. A irrupção da tecnologia continuará a melhorar a qualidade de vida, reduzindo os acidentes de trabalho e gerando riqueza nas regiões onde é produzida, tanto em modelos intensivos como extensivos.

O fator humano concentrar-se-á no que proporciona valor e continuará a ser definitivo na tomada de decisões. Como consequência, haverá cada vez mais talentos digitais na vanguarda dos negócios agrícolas. Isso permitirá ao meio rural uma nova geração de jovens e mulheres, reequilibrando gradualmente um sector que hoje ainda está a envelhecer e é maioritariamente masculino. Veremos cada vez mais agricultores e produtores de gado técnicos, mais capacitados em tecnologia e com profundo conhecimento do negócio e das suas variáveis.

Profissionalização da produção
Segundo dados do INE, 95% das empresas do sector agroalimentar são PME, das quais 80% têm menos de 10 trabalhadores. Experimentaremos mudanças no tamanho destes negócios, que tenderão a concentrar-se e agrupar-se para se poderem dotar de recursos, conhecimento, dimensão e tecnologia.

Precisarão de ser maiores e mais flexíveis para obter sinergias, ser mais eficientes e competir com sucesso num sector cheio de oportunidades, mas que continuará muito competitivo. Esses modelos estarão sujeitos a regulamentações ambientais muito exigentes, nas quais mais uma vez precisarão da tecnologia como chave para a competitividade, sobrevivência e eficiência.

Surgirão novos modelos de financiamento e colaboração público-privada que permitem aos produtores incorporar a inovação. Os seguros também se tornarão ainda mais essenciais, com novos modelos mais ligados à exploração, para proteger agricultores e produtores de gado contra catástrofes climáticas cada vez mais frequentes.

Biotecnologia e tecnologia de alimentos
A liberdade na escolha dos alimentos veio para ficar, pelo que os consumidores continuarão a exigir produtos de qualidade, variados, saudáveis... e baratos.

A biotecnologia permitirá revitalizar regiões com condições extremas, pouco propícias à produção e geralmente deprimidas economicamente. O desenvolvimento de resistências a situações como stress hídrico ou salinidade pode representar oportunidades de crescimento em áreas do planeta que atualmente são severamente afetadas.

Também gerará oportunidades no aumento da qualidade dos alimentos, no seu valor nutricional, bem como em modelos de produção mais sustentáveis ​​que substituem o tratamento por resistências congénitas.

A intervenção na evolução das espécies é algo que vem sendo feito há décadas e se acelerará com a generalização de novas ferramentas de edição genética como o CRISPR.