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Por Harald Kramer, Münster
A proteção química das culturas está a tornar-se um tema cada vez mais debatido, tanto por consumidores como por decisores políticos. Contudo, não se deve esquecer que a segurança alimentar dificilmente se garante sem o recurso a medidas eficazes de proteção das plantas. Os anos mais húmidos têm mostrado que doenças fúngicas, como o míldio tardio, podem provocar reduções significativas de rendimento. É precisamente aqui que a tecnologia de aplicação desempenha um papel decisivo, permitindo aplicar quantidades cada vez menores de produtos fitofarmacêuticos de forma mais precisa, eficiente e ambientalmente responsável.
Investir ainda compensa?
Muitos agricultores perguntam-se atualmente se vale a pena investir num novo pulverizador agrícola. A resposta, à luz do crescimento da população mundial e da contínua redução da área agrícola disponível, é clara: é necessário explorar o solo restante de forma mais intensiva, garantindo a produção de alimentos sem comprometer a sustentabilidade.
A questão central é, portanto: como manter ou aumentar os rendimentos agrícolas sem ignorar as exigências ambientais e as metas políticas do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) e da Estratégia do Prado ao Prato (Farm to Fork)? Estas impõem reduções no uso de produtos fitofarmacêuticos, mantendo a mesma eficácia biológica e níveis de produção.
Neste contexto, tecnologias como a monda mecânica, a pulverização em faixa (band spraying), a aplicação localizada (spot spraying) e a inteligência artificial ganham importância crescente. O sector agrícola encontra-se atualmente no limiar de uma nova era de precisão, e a indústria de maquinaria responde com soluções inovadoras que elevam a precisão da aplicação a novos patamares.
Combinar tecnologias para maior eficiência
A combinação da monda mecânica com a pulverização em faixa já é uma prática comum entre agricultores. A evolução natural é a pulverização localizada (spot spraying), que permite poupanças significativas no uso de produtos fitofarmacêuticos.
Modelos de previsão mais avançados — integrados com sensores de alta precisão, mapas de aplicação, IA, software de controlo e novas tecnologias de bicos — estão a preparar o sector para uma agricultura mais sustentável e eficiente.
O uso de sistemas eletrónicos e a aplicação de fertilizantes líquidos com os mesmos pulverizadores também oferecem novas oportunidades de rentabilização dos equipamentos. E a Agritechnica 2025 surge como o palco ideal para acompanhar esta revolução tecnológica, distinguindo entre protótipos e soluções já prontas para uso profissional.
Otimização da eficiência
Os fabricantes estão a expandir as suas gamas com sistemas de depósito frontais, maior capacidade de reservatório e pulverizadores automotrizes. Mas mais importante do que o tamanho da máquina é a logística de enchimento.
O futuro próximo trará a etiqueta digital de produtos fitofarmacêuticos, os sistemas de transferência fechados (CTS) e a melhoria contínua da tecnologia de bicos. Os CTS assumem particular relevância, pois maximizam a segurança do operador e garantem dosagens mais precisas. O objetivo comum é sempre o mesmo: equipamento tecnicamente otimizado e adaptado à estrutura agrícola local — porque simplesmente “andar mais depressa” raramente é solução.
Menor utilização de produtos fitofarmacêuticos
As exigências políticas de redução do uso de produtos químicos têm impulsionado intensamente a investigação da indústria. Sem essa pressão, dificilmente haveria tanto desenvolvimento em torno da pulverização em faixa, da monda com câmara e da aplicação localizada.
A tecnologia da fresa interlinha, por exemplo, foi elevada a outro nível: com câmaras de deteção, estruturas móveis e controlo automatizado, alcança hoje uma precisão muito superior, sobretudo em culturas como beterraba, milho e batata.
A pulverização em faixa, por sua vez, tornou-se mais acessível graças a novos bicos e sistemas de pulverização. Contudo, exige integração com tecnologia de sementeira precisa e guiamento RTK, já que a heterogeneidade do terreno e as zonas de cabeceira ainda são desafios.
Já a aplicação localizada (spot spraying) representa o auge da precisão. Trata-se de tratar apenas as áreas que realmente necessitam, com auxílio de sensores e IA. Contudo, a altura e posição da lança continuam cruciais: sem isso, falar de gotas ao centímetro é inútil.
Uma solução intermédia, o patch spraying, permite adaptar pulverizadores ISOBUS já existentes com atualizações digitais, ativando apenas determinadas secções. Embora as poupanças sejam menores, é uma porta de entrada prática para a tecnologia de aplicação localizada — sem necessidade de investir de imediato num novo pulverizador.
Novas abordagens, como sistemas de tratamento a laser para controlo de infestantes, começam também a surgir, prometendo trabalhos sem contacto e grande potencial futuro.
Que bico é o melhor?
Hoje, praticamente todos os fabricantes oferecem bicos antideriva, sejam injeção curta ou injeção longa, com certificação JKI. A escolha ideal depende do equilíbrio entre redução de deriva e eficácia biológica, algo essencial sobretudo quando se reduz o volume de água ou se aumenta a velocidade de aplicação.
O objetivo principal deve ser garantir uma cobertura uniforme e penetração adequada na cultura. Tecnologias como o drop leg permitem ainda uma proteção mais amiga das abelhas, por exemplo em colza ou batata.
Os sistemas de bicos com modulação por largura de impulso (PWM) estão a evoluir, atingindo agora frequências entre 20 e 100 Hz, o que permite funções como compensação em curva, pulverização localizada e ajuste dinâmico da dose ao longo da lança. Pulverizadores existentes podem, em muitos casos, ser atualizados (retrofit) para atingir este novo padrão tecnológico.
No fim, contudo, o sucesso no controlo de doenças, pragas e infestantes é o que determina a aceitação pelos agricultores. Apesar de toda a discussão sobre reduções, há um facto que permanece: os agricultores aplicam apenas o indispensável para garantir alimentos saudáveis — e fazem-no há muitos anos.
Sistemas autónomos
O sector da agricultura autónoma e robótica está em plena expansão. Além das grandes marcas, muitas startups estão a desenvolver soluções nesta área. Vários robôs de monda já se encontram disponíveis, embora ainda existam poucos robôs pulverizadores a operar em campo aberto.
O principal obstáculo não é apenas legal, mas também operacional, devido à necessidade de supervisão humana durante a aplicação de fitofarmacêuticos. Mesmo assim, a Agritechnica 2025 deverá revelar uma vasta gama de protótipos e soluções comerciais.
Um exemplo ilustrativo é o das drones de pulverização: embora tecnicamente capazes, a legislação alemã apenas permite o seu uso em vinhas de encosta e florestas, restringindo o potencial de adoção.
Em suma, a tecnologia de proteção das culturas está a entrar numa nova fase — mais precisa, sustentável e inteligente. A inovação é constante, mas o objetivo mantém-se o mesmo: proteger as plantas, garantir os rendimentos e respeitar o ambiente.
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